WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) – A busca pelo brasileiro Danilo Souza Cavalcante, 34, que fugiu de uma prisão na Pensilvânia (EUA) na semana passada, chegou ao quinto dia nesta segunda (4) em uma operação envolvendo centenas de agentes policiais, helicópteros, drones e cães. Ele foi condenado a pena perpétua por matar a facadas a ex-namorada, Deborah Evangelista Brandão, em abril de 2021.
Uma mensagem em português gravada pela mãe do foragido, em que ela pede que ele se entregue, também está sendo reproduzida por helicópteros e carros, disse o tenente-coronel George Bivens, da Polícia Estadual da Pensilvânia, nesta segunda. Segundo as autoridades americanas, a mãe de Cavalcante está no Brasil.
"Ela fez [a gravação] em espanhol", disse Bivens, e em seguida se corrigiu: "Na verdade, em português". "Ela está sendo transmitida na tentativa de facilitar a sua rendição pacífica", afirmou tenente-coronel durante entrevista a jornalistas.
Cavalcante é considerado extremamente perigoso e, caso ele não se renda, o uso de força letal foi autorizado. Há também uma recompensa de até US$ 10 mil em troca de informações sobre seu paradeiro.
"Ele está desesperado. Ele não quer ser pego. Ele tem muito pouco a perder neste momento", disse Bivens.
A operação, que vinha sendo coordenada pela promotoria do condado de Chester, a cerca de 70 quilômetros da Filadélfia, está sendo agora liderada pela polícia estadual.
Cavalcante foi avistado quatro vezes nos últimos dias na área de Pocopson, sendo a mais recente no último domingo, afirmou Bivens. As autoridades americanas acreditam que ele esteja se escondendo em uma área de aproximadamente 4 quilômetros quadrados.
Há dois problemas principais para encontrá-lo. O primeiro é o terreno, uma área densamente florestada com muitas possibilidades de esconderijo. O policial que o viu no domingo, por exemplo, não conseguiu alcançá-lo por conta de obstáculos no caminho.
O segundo problema é que muitos moradores da região estão viajando, em meio a um feriado prolongado nos EUA. Ao menos duas denúncias de arrombamento de casas estão sendo investigadas, afirma Bivens.
A orientação da polícia é que moradores chequem se seus vizinhos estão em casa e, na ausência deles, avisem a polícia, para que agentes possam checar o terreno. Para quem está voltando para casa depois de uma viagem, a recomendação é avaliar se algo parece suspeito antes de entrar em casa.
"Sabemos que ele estará procurando uma maneira de sobreviver. Ele vai precisar de roupas. Ele vai precisar de comida. Está muito quente lá fora. Tenho certeza de que ele está procurando um abrigo melhor. Portanto, por muitas razões, estamos preocupados com onde ele pode se esconder", disse o tenente-coronel.
Questionado se o fugitivo recebeu ou estaria recebendo ajuda, ele preferiu não responder.
Escolas da região estão recebendo informações para definirem se suspenderam ou não as aulas nesta terça.
Essa não é a primeira fuga da prisão do condado de Chester neste ano. A promotora Deborah Ryan confirmou nesta segunda que outro prisioneiro escapou em maio. Ela não deu mais detalhes sobre esse caso. Em relação ao brasileiro, uma investigação apura como ele conseguiu sair do local.
Cavalcante foi preso em 19 de abril de 2021 na Virginia pelo assassinato da ex-namorada Deborah Brandão, então com 33 anos, um dia após o crime.
De acordo com a promotoria, ela foi esfaqueada na frente da filha de 7 anos e do filho de 3 anos em Schuylkill, na Pensilvânia. No dia 22 de agosto, ele foi condenado à prisão perpétua por homicídio em primeiro grau.
O brasileiro responde a outra ação penal por homicídio na Justiça brasileira desde 2017, por ter matado um homem com seis tiros de arma de fogo, em Figueirópolis (TO).
O processo no Brasil, aberto em novembro de 2017, só foi retomado quando a Justiça brasileira soube da prisão nos EUA, em meados de 2021. Mas o caso segue sem desfecho até hoje. A ação penal está na Vara Especializada no Combate à Violência contra a Mulher e Crimes Dolosos contra a Vida, da Comarca de Gurupi (TO).
Ele é réu em uma acusação de homicídio duplamente qualificado. Em 5 de novembro de 2017, Cavalcante deu seis tiros em Válter Júnior Moreira dos Reis, que morreu no local.
De acordo com o Ministério Público, o crime ocorreu por motivo torpe, em razão de uma suposta dívida que a vítima tinha com o réu, referente ao conserto de um veículo.
Depois do crime, ele fugiu e não foi mais visto pelas autoridades brasileiras. O defensor público Magnus Kelly Lourenço de Medeiros, designado para atuar no caso, disse à Folha de S.Paulo nesta sexta (1º) que nunca conseguiu contato com Cavalcante após o crime de 2017.
Segundo ele, embora o processo tenha sido retomado em 2021, as videoconferências que seriam realizadas com apoio do presídio nos EUA nunca aconteceram.