Volta dos Caboclos marca encerramento das festividades do bicentenário da Independência
Uma mistura de animação, fé e devoção tomaram conta do percurso entre o Campo Grande e a Lapinha, com a tradicional Volta dos Caboclos, ocorrida na noite da quarta-feira (5). O evento marca o retorno dos carros emblemáticos do Caboclo e da Cabocla ao Pavilhão 2 de Julho, e faz parte das comemorações pelos 200 anos da Independência do Brasil na Bahia, promovidas em Salvador pela Prefeitura.
Presente na ocasião, o presidente da Fundação Gregório de Mattos (FGM), Fernando Guerreiro, descreveu a volta dos caboclos como “uma grande festa” e anunciou que, no final de julho, os caboclos estarão disponíveis ao público para visitação na Lapinh, no novo Memorial da Independência.
“É muito interessante, porque é como se fosse um ato de finalização do cortejo nas ruas. Hoje é uma grande festa, com o retorno dos caboclos para a sua ‘casa’. A banda do maestro Reginaldo (de Xangô) faz esse cortejo, que segue o percurso inverso agora, com uma multidão nas ruas. Este ano, a novidade nessa Volta dos Caboclos é a festa com a Banda Ofá, na Lapinha, juntamente com vários terreiros de candomblé fazendo uma ‘cablocada’ para receber os monumentos”, ressaltou Guerreiro.
Um dos momentos mais destacados da festa foi a participação da orquestra do maestro Reginaldo de Xangô, que há mais de 25 anos faz parte da programação tradicional. Rita Barbosa, filha do maestro Reginaldo, que faleceu em junho de 2013, expressou sua emoção ao fazer parte dessa festa e celebração.
“Para mim, que trago essa tradição com os caboclos, pois sou candomblecista, ter a oportunidade de cultuar meus caboclos e conduzi-los nas representações populares dos nossos heróis é algo muito especial. Sempre peço amparo e permissão para conduzi-los”, relatou.
Sob a batuta de Rita, a orquestra tem mantido viva a tradição do 2 de Julho. Ela ainda pontuou que considera esse momento como mágico e único. “Hoje, mais do que nunca, é um dia especial. A pressão sobe. É diferente de qualquer outro movimento ou trabalho cultural, é como se fosse uma extensão de nós mesmos. É um dever cívico, moral e religioso. Vamos às ruas fazer o que realmente amamos. A ida é boa, mas a volta é ainda melhor”, finalizou.
Lapinha – Posteriormente, por volta das 19h, no palco da Lapinha, a Banda Ofá se apresentou junto com convidados das nações Congo-Angola. Iuri Passos, mestre em percussão e idealizador da Ofá, agradeceu à Prefeitura de Salvador por, segundo ele, abrir as portas para o trabalho que tem como característica principal a representatividade da música negra e do candomblé.
“Essa apresentação é um momento de grande afirmação. Estamos felizes e animados. Que tenhamos mais oportunidades nesta cidade tão negra para mostrar nosso trabalho”, completou Passos.
O comerciante Paulo Santos, de 53 anos, revelou que acompanha a Volta dos Caboclos desde os seus 30 anos. “Essa caminhada carrega muita história e tradição. É uma obrigação minha, como filho deste estado, prestar homenagem aos nossos heróis”, afirmou.
Seguindo a mesma linha, a manicure Tâmara Viana, de 48 anos, disse: “Essa caminhada nunca cansa, apenas revigora nosso amor pela Bahia”. E emendou: “Viva o 2 de Julho!”.