O economista Gabriel Galípolo, indicado para assumir o cargo de diretor de Política Monetária do Banco Central, afirmou na noite desta quinta-feira, 22, que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva está cortando gastos tributários porque não quer fazer os ajustes das contas públicas às custas dos mais pobres. O economista disse ainda que "todas as medidas que já começaram a andar são quase de conformidade, aquilo que nas empresas o pessoal chama de compliance".
"Às vezes a gente está muito focado no aumento da arrecadação e pouco no corte de gastos. Estamos cortando gastos tributários. Gasto é gasto, não deveria haver um patamar diferente para quando retiro algum tipo de subsídio de um setor ou empresa versus um corte no Bolsa Família, por exemplo", afirmou Galípolo, em entrevista ao programa Economia pra você, da BandNews TV. "Durante muito tempo houve parte da discussão econômica que dizia que as demandas sociais, a população mais pobre, mais carente, não cabe no orçamento público. Ao trazer o debate sobre gastos tributários estamos mostrando que é uma questão de escolha."
Segundo o economista, o ajuste das contas públicas não vai ser feito às custas de programas como Bolsa Família, Farmácia Popular ou Minha Casa Minha Vida, quando há "R$ 600 bilhões de gastos tributários que precisam ser discutidos".
Ele menciona a ação sobre medidas como preços de transferências, com a exportação de empresas em valor subfaturado para paraísos fiscais, de modo a não ser tributado. "Essa é uma medida que tinha impacto de arrecadação significativo e a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) já estava se queixando, pois é uma prática pouco adequada do ponto de vista de conformidade", disse. Essa correção, assim como a da subvenção para custeio de empresas listadas, já somam um valor projetado de R$ 130 bi a R$ 150 bilhões de arrecadação, de acordo com Galípolo. "É um processo contínuo e cabe aos economistas e à Fazenda explicar as consequências."
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