Gestores celebram retorno da Conferência Municipal de Cultura de Salvador após dez anos

Salvador realiza, até esta sexta-feira (27), a VI Conferência Municipal de Cultura, evento que tem por objetivo promover a participação ativa da sociedade civil, artistas locais e demais interessados na formulação das políticas culturais do município de Salvador, para que, juntos, possam traçar novas diretrizes para a cultura em âmbito municipal. Cerca de 300 pessoas participaram do evento, que é também um marco de retomada após um hiato de dez anos.

O tema deste ano é Democracia e Direito à Cultura. Por isso, está sendo discutido o papel da cultura na promoção da democracia e na garantia dos direitos culturais de todos os cidadãos. A programação envolve discussões em grupos temáticos, divididos em seis eixos, a realização de uma plenária, performances e apresentações artísticas.

A abertura aconteceu nesta quinta-feira (26), no Quarteirão das Artes, na Ladeira da Barroquinha, no Centro de Salvador, com o cortejo da banda de percussão Yaya Muxima, descendo as escadarias do Teatro Gregório de Mattos (TGM) até o Espaço Cultural da Barroquinha.

Em seguida, representantes de órgãos municipais e federal da cultura realizaram uma mesa de abertura e de boas-vindas aos participantes do evento. Participaram da mesa o presidente da Fundação Gregório de Mattos (FGM), Fernando Guerreiro; o titular da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult), Pedro Tourinho; a presidente do Conselho Municipal de Política Cultural (CPMC), Ìyá Márcia; e a gestora da Fundação Nacional das Artes (Funarte), Maria Marighella.

Novas ideias e propostas – Em discurso, o presidente da FGM falou sobre a importância da retomada do evento e do retorno ao sistema de cultura em âmbito nacional. “Nós já temos um desenho de políticas públicas, desde a gestão de 2013, e com continuidade na atual gestão. Agora, a gente parte para as discussões, olhando para o passado, com o objetivo de proporcionar melhorias e partir para o futuro, com novas ideias e novas propostas. É uma grande reunião para conversar sobre a política cultural do município. Além disso, essa é uma grande festa da cultura, pois, por mais que estejamos debatendo, teremos atividades culturais ao longo dos dois dias de evento”, afirmou Guerreiro.

Pedro Tourinho definiu a conferência como um momento da escuta. “É um momento para sentar com todos os fazedores de cultura de Salvador, com todas as pessoas envolvidas nessa grande dimensão, que é fazer cultura em Salvador, para debater políticas públicas. Como podemos fazer melhor, trabalhar juntos, pensar em ideias novas, projetos novos, coisas que a gente pode melhorar. O tema tem a ver com democracia, porque realmente é o momento de todo mundo participar dessa construção de políticas públicas. Passaremos por vários assuntos aqui nessa conferência, desde como utilizar melhor os recursos, definir áreas para investir mais e trabalhar mais juntos. Então, é um momento, realmente muito rico de encontro”, reforçou.

Diretrizes e pactos – Maria Marighella falou um pouco da alegria em poder retomar também a conferência nacional, marcando a retomada do compromisso com o diálogo e a participação social. “A conferência, esse espaço de debate com a participação social, é fundamental para que, além da descentralização de recursos, da partilha de responsabilidades entre estados e municípios, seja também o espaço da pactuação entre os autores e agentes da cultura para que não só os recursos cheguem a cada território, mas também as políticas, as diretrizes e os pactos. Então, acho que hoje é um dia de celebração, mas, certamente, ao final, sairemos mais fortes da relação de cidadania, de cooperação e de participação. É a retomada da cidadania e da diversidade na construção de políticas públicas para a cultura”, destacou.

Já a presidente do CPMC, Ìyá Márcia, lembrou que as conferências vêm também no sentido de reparação. “Ver essa manifestação toda, não só nos municípios, mas nos estados e no país é gratificante, principalmente porque eu faço parte de uma religião que não é só religião, é um modo de viver, é cultura, é um legado cultural que nós herdamos dos nossos ancestrais, então isso tem uma importância muito grande. E eu estou mais feliz ainda, porque, apesar de a conferência nacional estar na sua quarta edição, Salvador está na sexta e isso é muito significativo, porque Salvador é a primeira capital do país, então sempre está saindo à frente”.

Além do cortejo e da mesa de abertura, artesãos e comerciantes culturais expuseram diversos produtos no Pátio Ìyá Nassô, a exemplo de colares, brincos, pulseiras, bolsas, cadernetas, produtos indígenas, fotografias, telas artísticas e livros escritos por escritoras negras.

Seis eixos temáticos – Nesta sexta-feira (27), os Grupos de Trabalho, distribuídos em seis salas no Cine Glauber Rocha, Espaço Boca de Brasa Centro e Sala Nelson Maleiro, discutem a cultura, divididos em seis eixos temáticos. O primeiro eixo terá debates sobre a territorialização, institucionalização, marcos legais e sistema nacional de cultura. O segundo será sobre a democratização do acesso à cultura, aos serviços e equipamentos culturais e participação social.

O terceiro eixo abordará a identidade, patrimônio e memória. Já o quarto, se aprofundará nas questões da diversidade cultural e transversalidade de gênero, raça e acessibilidade na política cultural. O quinto eixo será sobre temáticas de economia criativa, trabalho, renda e sustentabilidade. E o sexto eixo falará sobre direito às linguagens, meios artísticos e digitais.

Das 14h às 16h30, serão elaboradas as propostas a serem encaminhadas para a plenária, que ocorrerá às 17h. Durante a plenária, haverá a eleição de até 25 delegados(as), que irão representar Salvador nas conferências estadual e nacional, e as orientações sobre os próximos passos. Às 16h30, haverá uma intervenção artística de A Pombagem (O Museu é a Rua). O grupo fará a sua performance em um cortejo a partir do Cine Glauber Rocha e em direção ao Espaço Cultural da Barroquinha.

O encerramento da VI Conferência Municipal de Cultura será às 19h30, com um show de Márcia Short no Pátio Ìyá Nassô, no Espaço Cultural da Barroquinha. As conferências estadual e nacional estão previstas para os meses de novembro e março, respectivamente.

Reportagem: Priscila Machado/Secom PMS

Fonte: SECOM / Salvador